Desde o dia 15 de março, o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo recebe a exposição O Relevo, que trará traduções em relevo de obras que já estiveram presentes ao longo de dez edições da Bienal do Mercosul, pelas mãos da artista plástica Lenora Rosenfield.
As obras foram desenvolvidas com a técnica inédita de afresco sintético, criada pela artista, e interpretadas nas mesmas dimensões e cores das originais, para que possam ser compreendidas e experimentadas por deficientes visuais por meio do toque. Os visitantes com visão também poderão aproveitar as sensações d’O Relevo, pois vão adentrar em um ambiente com baixa luminosidade, o que nivelará a percepção de todos os presentes.
A experiência tecnológica acontece por meio de uma luva, criada em uma parceria da artista com a empresa ThoughtWorks Creative Technology Consultants. A peça foi desenvolvida com as plataformas LilyPad e Arduino, próprias para aplicação de placas e chips em tecidos e vestimentas.
A prototipação wearable serve ao conceito de Tecnologia Assistiva, que promove o auxílio na melhoria da qualidade de vida de pessoas com algum tipo de limitação, no caso, a visual. Com o aparato, os visitantes poderão enxergar os trabalhos de Lenora com a ponta dos dedos.
Para a artista, a oportunidade de democratizar a arte e aproximá-la daqueles que ainda não podem ter o acesso desejado, é uma tarefa especial. “Desde 2015, quando tive a oportunidade de receber um grupo de deficientes visuais em uma individual no Museu de Arte de Blumenau (MAB), venho encorajando o público a tocar meus trabalhos, sejam videntes ou deficientes visuais. Desta vez, a experiência sensorial vai acontecer para todos, só que às avessas: quem enxerga é que vai sair da zona de conforto! Meu trabalho vem com essa vontade, de minimizar as fronteiras, de unir as diferenças para o crescimento pessoal do público”, define.
Entre as 12 obras em destaque, dez traduções e duas autorais, estão A Negra, de Tarsila do Amaral (Brasil), Composición V, de Maria Freire (Uruguai), B.iB portrait #8, de Kimani Beckford (Jamaica), Composição, de Fernand Léger (França) e Bomba, de Renzo Assano e Laila Terra (Brasil). Já as peças autorais de Lenora retratam os continentes e representam o elo que conecta todas as obras da mostra, criadas por artistas de diversas regiões do mundo. O conjunto poderá ser apreciado no catálogo que acompanha a exposição.
O Relevo tem entrada franca e segue até 2 de junho. A iniciativa é uma realização da Fundação Bienal Mercosul, financiada pelo Ministério da Cultura e Secretaria da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul, com produção da Genuinaobra Go Art Planning e apoio da ThoughtWorks Creative Technology Consultants.
Sobre a artista
Gaúcha de Porto Alegre, Lenora Rosenfield tem na pintura em afresco sintético – técnica criada por ela na Itália – o ponto central de sua produção atual. Pós-doutora pela italiana Università degli Studi di Udine, foi professora de pintura do Instituto de Artes da UFRGS (1993 a 2017) e por mais de duas décadas esteve à frente do laboratório de restauração da instituição.
É referência em restaurações de obras de arte como as de Pedro Weingärtner, Aldo Locatelli, Glauco Rodrigues, Francisco de Goya, Pablo Picasso e Marc Chagall. A artista está afastada da restauração há alguns anos e, em 2017, aposentou-se da vida acadêmica, dedicando-se mais intensamente a sua poética. Seus trabalhos estão no acervo das principais instituições do Estado do RS e em coleções particulares no Brasil, Estados Unidos e Europa.
Serviço
O quê: Exposição O Relevo
Quando: até 02/06, de terça a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados, das 11h às 18h
Onde: Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, Rua dos Andradas, 1223, bairro Centro Histórico, Porto Alegre
Quanto: Entrada franca