Josué Stein Pedroso, 10 anos, estudante do quinto ano na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Pastor Rodolfo Saenger em Sapiranga, é autista e surpreendeu a todos com seu talento especial. Foi a partir de um trabalho proposto pela professora de AEE (Aprendizagem Especial) Veridiana dos Santos, com a titular Deisi Raquel Kautzmann Ribeiro, que Josué descobriu seu talento para contar histórias. Habilidade que, com o apoio da Administração Municipal, se transformou em um livro, onde ele conta sua história, quem ele é e como ele percebe a própria condição de autista. O município adquiriu 500 exemplares para serem distribuídos em todas as escolas da rede municipal.
Nós decidimos não olhar apenas para as limitações do Josué, mas investir no potencial dele, na capacidade do nosso filho”.
A mãe do Josué, Giovana Cristina Stein Pedroso, conta que ele sempre foi muito criativo, criando histórias para tudo. “Assim que ele começou a ler e escrever, já pegava folhas de caderno e grampeava, fazia historinhas e montava livrinhos. Os livrinhos já ficavam junto com os demais livros da sala de aula para que os coleguinhas tivessem acesso e fossem lendo também durante as aulas”, recorda. “Nós decidimos não olhar apenas para as limitações do Josué, mas investir no potencial dele, na capacidade do nosso filho”, enfatiza Giovana. Ela salienta que o papel da família é fundamental para as crianças com autismo ou qualquer outra necessidade especial. “Parece que portas se fecham quando recebemos o laudo. Mas quando percebemos que não devemos olhar para os nãos, para as impossibilidades, mas olhar para a potencialidade e as habilidades dessa criança, começamos a ver que janelas de oportunidades podem se abrir”, completa Giovana.
Processo de criação do livro
Giovana conta que o livro iniciou após a atividade proposta pela professora, de criar um vídeo ou um texto contando sobre a própria vida. “Ele chegou em casa, me viu sentada no computador e pediu pra eu escrever. Sentou do meu lado e começou a ditar. Eu sou assim, meu nome é Josué, tenho 10 anos… e começou a falar tudo que está no livro. Eu, como professora, de imediato, já vi que daria um bom livro.”
A professora descreve Josué como um menino querido, alegre e cheio de vida. “Ele gosta de criar histórias, defende seu ponto de vista e argumenta cada detalhe do que é trabalhado com muita informação e conhecimento. Ele veio para a escola este ano e foi um presente para todos nós, que estamos aprendendo muito com ele. Na escola valorizamos cada um, com sua especificidade, explorando suas capacidades, habilidades e não presos a um diagnóstico. Todos podem desenvolver potencialidades incríveis e o Josué está aí para provar isso. É um aluno super especial!”, revela Veridiana.
SMED foca na formação do aluno para a vida
A Secretaria de Educação de Sapiranga valoriza o processo de aprendizagem e iniciativas como essa, que valorizam a individualidade do aluno. Neste caso, um aluno especial que desenvolveu habilidades diferenciadas com a escrita. A secretária de Educação, Claudia Kichler salienta que a educação é um direito de todos e que os professores e gestores buscam uma aprendizagem que forma para a vida. “É importante criar oportunidades para que os alunos com deficiência possam demonstrar suas capacidades e que recebam o apoio necessário para remover barreiras que impedem sua inclusão tanto na escola quanto na sociedade. O trabalho nas escolas é realizado de forma coerente e com comprometimento de todos os envolvidos no processo”, valoriza.
Como educadora, sempre tive um olhar especial para os alunos de inclusão, valorizando o melhor do aluno e priorizando seu potencial”.
A diretora pedagógica da SMED, Ana Andrioli, comemora o desenvolvimento do Josué e almeja por mais alunos como ele, que se permitam ousar e compartilhar suas histórias. “Como educadora, sempre tive um olhar especial para os alunos de inclusão, valorizando o melhor do aluno e priorizando seu potencial. Só podemos falar daquilo que conhecemos. Entre tantos desafios, a inclusão certamente é um dos que dispensa maior atenção, mas a partir do momento que nos permitimos conhecer o aluno, ouvir seus relatos e aqueles que convivem com ele, as diferenças diminuem e o convívio passa ser mais leve”, enfatiza.